tag:blogger.com,1999:blog-40787708585111654602024-03-18T21:17:33.220-07:00maré(in)vazãoMarinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.comBlogger113125tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-61815316400379914662016-06-08T21:34:00.000-07:002016-06-08T21:34:07.015-07:00miscelânea mental (mais uma vez).<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">me perguntou porque <i>isto</i> era tão frequente, não compreendi o que era <i>isto</i>; e assim ficamos. uma busca incansável - mas já tão cansada! - de um outro olhar, um outro jeito, uma nova maneira. fatigada das combinações do que existe. <i>"eu quero a atualidade sem enfeitá-la com um futuro que a redima"</i>. adestrada! aquele outro - que pode ser eu - me acusa. como solucionar a equação de viver uma vida estável sem ser atingida pela mais dura incoerência? cansaços...talvez de uma vida que muito atira por não saber qual seu alvo. outro café! forte, como sempre. desejo de profundeza. não, não aceito sua companhia - ela me fere. aqui tudo tem um sentido, uma razão. aqui as coisas se encaixam. devo ir embora! quando será a hora? a minha doçura se vai numa rapidez que impressiona. acabaram-se os medos? não, certamente! talvez só estejam começando...algum mínimo, algum mínimo! mentiras que nos levam a refletir sobre nossas verdades? "<i>nada nos impede de cair a não ser a própria energia do movimento</i>". sofrer o impacto. escolher ser atingida! o incômodo. ah...sempre o incômodo. viver não é reter as coisas. vamos na contramão, na contramão da excitação. (des)estancar. aquilo nasceu de uma necessidade! dois pedidos: cubra o meu rosto quando for esticar o lençol, e me deixe ficar - até cansar - gastando o cheiro de amaciante da sua roupa... </span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-8521194609054029372015-09-09T11:26:00.001-07:002015-09-09T11:30:24.771-07:0008.09.15<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"> </span><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.32px;">Entrei há pouco em meu apartamento. Eu quase que não me lembrava dessa sensação de fechar a porta e, do lado de cá, poder finalmente desabar. Olho com profundidade para o espelho e enxergo uma mulher com olhos de susto e rosto encharcado. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.32px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.32px; text-align: justify;"> Não sou de descrever dias, mas nesse exato instante não sei mesmo do que sou, e algo me impele a fazê-lo... Talvez [quem sabe?] pra desabar mais um tantinho. Aliás, não vou descrevê-lo, apenas direi em sequência rápida o que se passou: uma viagem de madrugada/quase amanhecendo com chuva [embora sem percalços, sempre traveste meu corpo de certa tensão], uma árvore caída sob uma fiação e o corpo de bombeiros bem em frente ao meu prédio [sem energia, o caos se instaura, e corro pela rua e pelas escadas para deixar a Faísca a tempo em casa], uma respirada profunda ao entrar no carro tentando não me atrasar para o estágio, numa parada perfeitamente rotineira de rotatória [quase chegando], um carro colide na traseira do meu [o barulho e o tranco me fazem pensar que a coisa é um tanto séria], abalada chego no estágio e tento manter a calma para ser prática na resolução do problema, dado o tempo de minha saída vou à PM efetuar boletim de ocorrência [sinto-me o pior dos burocratas, mas não posso dar-me o “luxo” de sentir], saio correndo do posto da PM pois o céu está enraivecido e vai castigar, entro no carro e os primeiros pingos-pesados começam, ligo o carro [estou estacionada numa rua íngreme, entre dois carros], ao dar ré, meu pneu estoura e meu carro vai todo para a frente, avançando por sobre a calçada e sendo segurado pelo carro da frente, um casal [de anjos?] vem me ajudar, ambos auxiliam-me a empurrar o carro pra trás para desencostar do da frente e colocam um toco de árvore na roda traseira para segurar o carro [o freio de mão não é capaz de segurar], o céu resolve desaguar pra valer, o homem-anjo me sugere entrar no carro, mostra-me onde é sua casa, e diz que assim que a chuva diminuir um pouco ele virá me ajudar com o pneu, um pouquinho de trégua da chuva, e o homem-anjo reaparece, enquanto troca o pneu para mim a chuva retorna, ele permanece sem cessar e com um sorriso no rosto trocando o pneu de uma desconhecida em meio ao aguaceiro [aguaceiro forte], aquela cena me aperta o peito ainda mais, tenho vontade de chorar [por todo susto, por minha própria fragilidade e pela beleza da generosidade daquele gesto absurdamente humano], revelo-lhe minha gratidão indizível e este homem em meio a um abraço forte me diz que a vida é assim “hoje ajudo você, porque sei que amanhã, se você puder, você ajudará a um outro”.</span><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.32px;"></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;">
</span><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;"></span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;"><span style="line-height: 19.32px;"> Este homem se chama Cícero. E de tudo, Cícero é o que mais me interessa. Cícero não só me ajuda, Cícero amansa minha solidão de ‘homem’ em tempos em que os umbigos esqueceram-se de seu passado de cordão.</span><span style="line-height: 19.32px;"> </span></span></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;">
</span></span><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;"></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19.32px;"> Não nego que ainda agora sinto os resquícios do tremor do meu corpo e que minha respiração custa a se acalmar, não nego também o desejo ardente de um colo que me ajude a restabelecer meu juízo. Sei que hoje dificilmente irei dormir. Mas o sono não me importa, não preciso recorrer aos sonhos, pois re-acredito nos laços humanos devido a personagens como Cícero... personagens da vida firmemente ancorada no real.</span></span></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px;">
</span>Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-91913162525215713222015-09-07T09:55:00.003-07:002015-09-07T12:29:49.022-07:00Da caixinha de madeira sem cor.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Suspeito que todo mundo
tenha algo guardado, bem guardado. Guardado numa caixinha de madeira sem cor, que
mora há muito tempo no fundo do armário, do armário do quarto daquela casa das
primeiras experiências [ah, as primeiras experiências...]. <o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Essa suspeita mesmo se
encontrava guardada na minha caixinha, e para quantas proximidades, compreensões,
reconhecimentos e destinos outros ela já me levou... [uma série incontável]. Sinto
que, desde quando muito pequena em idade, ao olhar com fundura para outros
olhos, mergulho sem razão na busca por imaginar que espécie de coisas [de
coisas vivas e vividas] estão guardadas na caixinha do fundo daqueles outros
olhos. Nem sempre são agradáveis os
lugares que visitei na ânsia de encontrá-la, e, devo dizer, tem gente que a
esconde [a protege] quase que com raiva, com amargura. Eu confesso que já me
machuquei muito nessas minhas andanças de fundo de olhos, e na maioria das vezes,
não cheguei nem próximo de encontrar alguma coisa. Mas existe mesmo uma certeza
íntima, uma certeza estranha [e que por vezes me vejo tentada a maldizer], de
que ela existe e de que tem coisas guardadas ali... Tenho cá uma voz interior
que me assopra delicadamente, embora com firmeza, no ouvido que ninguém pode
ter uma caixinha vazia, e que, num mundo de tantos julgamentos, de tantos dedos
apontados, é mesmo bastante difícil que alguém não guarde secretamente a sua
caixinha de essenciais. <o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Hoje,
desprevenida [como tinha mesmo de ser], encontrei a minha. Foi tocante, tocante
ao ponto de molhar os olhos. Foi também um tanto desconfortável [será mesmo que
o passado é uma roupa que não nos serve mais?]. Uma experiência dolorosa e
alegre, tal qual a experiência de nos olhar sem proteção para o espelho. Tem
muito ali que eu gostaria de fugir, de esquecer, de ignorar, de negar, de rejeitar,
de expulsar pra fora da minha caixinha. Mas seria uma atitude tão tola! O que
subsiste no fundo dos olhos a gente não tira, e vai saber se não são exatamente
essas coisas que, paradoxalmente, lhes mantém o brilho? Sinto que fiquei ali a
encarando por horas [dias, meses, anos, décadas], e encará-la era transcendê-la...<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> ... E talvez seja disso
mesmo que ela viva, de oferecer-nos a possibilidade de nos olharmos sem
reserva, de nos demorarmos em nós, e quem sabe, exatamente assim, transcendermos
a nós mesmos [não de todo e sempre, obviamente]. Até porque, simplesmente negar o
que não conhece de si, é permanecer incessante e justamente naquilo que se nega.</span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-23673853608632545922015-07-24T07:50:00.001-07:002015-07-24T07:50:33.905-07:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">“Viver é jogo, é risco.
[...] perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma
coisa de extremamente precioso: <i>ganhamos
nossa possibilidade de ganhar</i>.” <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Tanto se confunde enquanto
falo com aqueles olhos. “Quando já tudo o que me importava se foi, quando fui
exposta ao vazio de nada mais ter, voltei – finalmente – meus olhos para os
essenciais. E que surpresa! Eu era toda feita de possibilidades. E tinha muito,
muito mesmo.”. Deixe-me confessar: eu, quando contigo, não falo mesmo contigo;
culpa pura dos seus olhos. Você fala bem (bem até demais!). Mas seus olhos... Ah,
seus olhos ainda não foram batizados para a mentira do mundo. Gosto tanto, tanto deles que até me espanto! E
vou até eles como quem busca mesmo o espanto. Quero descortinar-me! Ali na
esquina sou pega pelo desejo. O desejo de renascer sem batismo. E me pego tendo que mentir - pelas palavras e com os olhos. Fecho-os, palavra e olhos, no
abraço. Eu poderia morar ali por décadas (E como isso é sincero!). Ganho ou
perco? Já não sei. Expor-me ao risco era só mais uma das possibilidades. </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-42028418755830142912015-07-20T14:32:00.001-07:002015-07-20T14:32:25.426-07:00Torna-te terreno habitável...<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">... E aceite a intranquilidade de morar dentro de si. </span><div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Não
pedirei desculpa. Necessito mesmo que não tire a culpa de mim. Quero
carregá-la. Cultivá-la em ódio e amor extremados. Calma, calma. Não me entenda
mal. Não me refiro, nem na hipótese mais longínqua, à culpa ancestral - àquela
perversa culpa que tentaram enfiar em mim a mil mãos, em meu corpo, em meu pensamento,
em minha imaginação (este último, crime inafiançável). Não, não me refiro à
culpa castradora, que se alocou em mim muito antes de qualquer porvir de
autoconsciência. A verdade mesmo é que utilizo, neste momento, de seus termos.
Bem melhor seria se eu falasse em auto-responsabilização. Nem mesmo sei se essa
palavra existe. Mas se não existe, o ato, ao menos, tem de existir! Eu quero
responsabilizar-me. Meu direito! Minha condição (nossa única condição!). Tirar
isso de mim é instaurar-me a confusão maior. Sem direção, sem base, sem chão. Solta,
desorientada, desnorteada; em suma, completamente perdida. Preciso saber-me
responsável – inteiramente responsável – pelo que provoco, pelo que aceito, mas
antes mesmo de tudo isso, pelo que busco. Ah, quanto menos eu me encontraria em
minha trajetória se não fossem essas tantas respostas ao que busco... Respostas
por vezes cruéis, incompreensíveis. Surpreendentes na medida em que me
desmascaram. O que ando buscando mesmo? Talvez eu não saiba ao certo. Ou talvez
para estraçalhar este orgulho de quem julga que sabe algo de si, meus mergulhos
tanto me contradigam, me ignorem, me ofendam. Quem me ofende sou mesmo eu. Ofensa
de amor atrapalhado, imaturo. Revolucionário! Poderíamos mudar o mundo? Posso
mesmo morar aqui, dentro de mim? Desassossego. Nômade do mundo! Mas preso
dentro de si. </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-56941794212362590082015-03-29T10:11:00.000-07:002015-03-29T10:11:06.524-07:00Autocuidado.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Acordar sem o despertador, no momento em
que seu corpo se sentir descansado. Preparar um café no coador, degustando
absolutamente daquele cheiro de que tanto gosta. Alongar o corpo, redescobrindo
aquelas articulações há tanto tempo esquecidas. Acender o incenso preferido.
Sentir uma música. Estender o tempo de preparo do seu alimento, dedicando amor
(e não Sazon) em cada mexida da colher. Pensar no que realmente deseja comer.
Respirar profundamente. Olhar no fundo dos olhos do seu bichano, e retribuir
com um carinho sincero, toda confiança que ele deposita em você e toda proteção
e companhia que lhe oferece. Colocar aquele vestido solto e colorido que tanto diz
sobre você. Sentir o cheiro do amaciante da roupa. Declamar uma poesia em cada
canto de sua casa. Lembrar-se de onde veio, e de como chegou até aqui. Reviver
o passado com carinho, mas sem esquecer a dureza de alguns aprendizados. Sentir
saudade deste mesmo passado, embora não deseje repeti-lo. Deixar-se chorar
pelas lonjuras, mas ao mesmo tempo, compreender em sentimento que não está
sozinho. Agradecer a solidão física, ainda que queira maldizê-la. Saber
agradecer sem se deixar acomodar. Voltar-se aos velhos sonhos e anseios. Recolocar
em sua vida, a história e a utopia. Revestir de sentido suas atuais ocupações. Descobrir pelo que luta. Encontrar seu centro de apoio. Não acreditar que todo chão é movediço, que toda
construção se dissipa no ar, de que todo fim é iminente. Não se desesperar. Exigir
o respeito. Dedicar-se à difícil tarefa de saber o que você pensa sobre si
mesmo, e não a autoimagem que os outros te fizeram construir. Saber-se dotado
de valor. Conversar de maneira transparente e profunda seja com humanos, bichos
ou plantas. Ter amigos verdadeiros de todas as idades, e das mais distintas personalidades. Não se amarrar a
opiniões pré-construídas. Dedicar atenção e seriedade ao que o outro diz, seja
ele quem for. Não permitir que te empacotem, que te etiquetem, que te engavetem. Duvidar,
mas também acreditar. Calcular amadoramente o tanto de verde que te circunda, e
se lhe parecer uma quantia insuficiente, fugir para o mato mais próximo. Viajar
para rever afetos – mesmo que o tempo que corre egoisticamente faça sua decisão parecer loucura. Não ser soterrado e não ser refém do tempo e de suas próprias
escolhas. Brincar com o medo. Permitir que te conheçam. Permitir conhecer-se.
Ser descobridor de seus próprios prazeres. Nunca cair na armadilhar de incutir-se
autossuficiência. Reconhecer quando deve colocar-se como prioridade. Construir
um desvio para o cansaço. Cuidar de si.</span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-13515380530948304692014-09-03T20:37:00.000-07:002014-09-03T20:55:57.280-07:00A obscena senhora D. <div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><i>“Me vem também, Senhor, que de um certo modo, não sei como,
me vem que muito desejas ser Hillé, um atormentado ser humano. E SENTIR.” </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">e adentrando no viver que pulsa daquelas palavras encorpadas e flutuantes. palavras que adquirem materialidade profunda, e que, ao passo que questionam, entregam-se a própria materialidade...como eu. como eu? como eu, que às vezes, não sei se existo ou se isso tudo não passa de uma ilusão, de um sonho. mas ilusão de quem? quem está a sonhar, a perguntar, a desejar? para iludir-me, preciso decretar que existo. <span style="line-height: 115%;"><i>“Engasgo
nesse abismo, cresci procurando". </i>cresci me reconhecendo nessa senhora D, nessa obscena, nessa porca senhora! como posso sentir que materializo um personagem que, dentre tantos sentimentos, me causa repúdio? talvez seja mais comum do que eu penso sentir repúdio e extremo amor por si mesmo. por nossos processos inexplicáveis e desconhecíveis. talvez seja comum... mas os comuns não conversam - ou não conversam comigo? -. guardam para si, para seus cantos obscuros suas questões mais obscenas. ninguém se conhece. nem a si, nem ao outro. será que outros também se perguntam se realmente existem? metafísica barata. "</span><span style="line-height: 115%;"><i>um
dia me disseram: as suas obsessões metafísicas não nos interessam, senhora D,
vamos falar de homem aqui agora". </i>vocês também, às vezes, paralisam diante do aqui e do agora? do não saber o que fazer consigo, o que fazer de si? mas tem de prosseguir, elegante senhorita! ou me seria, senhora? </span><span style="line-height: 115%;"><i>“Senhora
D, a viva compreensão da vida é segurar o coração. me faz um café”. </i>mas que papo é esse de coração? como segurá-lo dentro do peito quando ele grita? como pausar o grito para tomar um café? </span><span style="line-height: 115%;"><i>“o
corpo é quem grita esses vazios tristes.”. </i>foram tantas as vezes que fracassei nas tentativas de calar o corpo. e de calar os pensamentos, também. perco as contas. finjo acreditar que possuo controle. </span><i>“Ela Hillé, revisita, repasseia suas perguntas, seu corpo. O
corpo dos outros.”. </i>revisito com ela a experiência de me entregar. de trocar o mar pela corredeira. os arrepios do corpo parecem ser distintos. origens várias que se confundem, que me confundem. <span style="line-height: 115%;"><i>“ainda
isso é pleno e basta para a vida, Hillé, perguntar não amansa o coração.” </i></span>paixão. bonita palavra. não seria tudo resumível à paixão? não seria esse nosso próprio nome? poderíamos todos nos entre-chamar assim. porque não nos basta o respirar, o sentir? <span style="line-height: 115%;"><i>“perguntas,
perguntas, como se fosse simples isso de amar, como se o peito soubesse desse
adorno, como posso saber se a alma não compreende? a alma sente. a carne é que
sente.” </i>eu sinto. esqueço de quem fui, de quem sou. preciso também de descanso. de colo quente e firme. nosso mal é a solidão? e que criatura humana não é, também solidão? me agarrar em algo, em alguém. que mal há em apegar-se a algo ou a alguém, para vivenciar a própria loucura sobriamente? em encontrar subterfúgios no corpo e na mente para manter-se são, para manter-se lúcido? todos procuramos caminhos. todos recorremos a obscenidades várias. obscena é própria vida.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">“[...]
e o que foi a vida? uma aventura obscena, de tão lúcida.” </span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">*trechos extraídos de "A obscena senhora D.", Hilda Hilst.</span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 115%;"> </span> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 115%;"> </span><span style="line-height: 115%;"><i> </i></span><span style="line-height: 115%;"> </span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-49013758591908714182014-08-24T21:03:00.004-07:002014-08-24T21:16:12.139-07:00Fluxo.<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><i>“A
vida não é argumento; entre as condições da vida poderia estar o erro.”</i> (NIETZSCHE,
1978, p.202)</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">queria prosseguir a pensar. a cabeça, à essa altura, já estava estafada. lembrei-me de ser, também, corpo. entreguei para o corpo a tarefa do pensamento. o não-pensamento do corpo. falar tinha de ser experienciar. eu nada tenho a dizer, enquanto não digo. eu nada posso ser, enquanto não sou. sinto. personagem. todos os outros que contenho, que acolho em mim. todas as lutas que me sensibilizam. e as que não. por que não? todo santuário que passa pela matéria. e que apodrece. corpo que transcende de tanto ser corpo. vivenciar esse momento-limite enquanto instante crucial, fundamental. fotografá-lo com retinas não-retilíneas. curvar. curvar-se. todo mistério e toda fé. entrelaçar de dedos. dar-se as mãos. doar-se para a experiência, para a comunhão. negar separações; bestas, bestiais. comungar consigo; seu corpo, sua pele, seu suor, seu sangue. ritual de fé. de purificação. de proliferação. </span>Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-58558111395683286552014-08-21T19:01:00.000-07:002014-08-21T21:41:25.764-07:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">“Aventura nunca tentada, navegar o convexo do olho sem quebrar segredo,
nem casca.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">hoje eu voltei a colocar aquela
camisola. meu corpo já é outro. ela, ainda a mesma. tentamos nos ajustar. a
felina me chama para a caça. e eu quase que sinto vergonha de lhe confessar que
não sou da caça. apesar disso, me reconheço em bicho. tatear no escuro. o prazer inexplicável do desconforto. me forço à solidão? “eu bestando numa vida antiminha”. eu neguei aquele brinde que
ofereceu a nós. neguei por tédio. um desconhecido se aproxima. me julga e me aponta
as covardias. não é por humanidade que o faz; é por prazer mesquinho, também covarde. não
desisti. não se desiste da ação que nunca se topou executar. a despeito de, não
abortar os possíveis. tornar a ação fluída, não obstruída pelo pensar
incessante e cruel. desconstrução. para que o valor prossiga sendo a
construção. “a vida pulsa, pulsa, pulsa...”. é o que me diz o tic tac do novo
relógio. escrever, escrever, para não se perder...nunca mais. </span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-12132487775183985222014-08-03T04:51:00.000-07:002014-08-03T04:52:48.418-07:00duas lições (ou uma só).<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">chamem de destino ou do que quer que seja. fato é: há de se aprender a
ser humilde frente aos mandos e desmandos desta vida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(“<i>hei de aprender. hei de aprender. hei de aprender...</i>” repito como um
mantra).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">há vezes em que não há o que ser feito. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">aceite? aceite. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">solidão é bacana em momentos tais. mas autossuficiência é papo pra boi
dormir. talvez a presença de um outro me ajudaria no jogo de forças contra uma ou
outra imposição da vida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(“<i>interdependência. interdependência. interdependência</i>...” repito como
um mantra).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">preciso do outro para lutar, para inverter jogos. </span></div>
<span style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">hoje eu perdi? hoje eu perdi.</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-91958321876655622942014-08-01T17:14:00.002-07:002014-08-01T17:14:15.286-07:00retrato.<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">tem ódio, tem doçura nestes olhos que me encaram. me provocam. me jogam com violência no mundo. num mundo hostil coberto de humanos. num mundo humano coberto de hostis, de ardis. em silêncio, pareço-me concentrar no enigma da esfinge; em poucos segundos, o jogo vira...o enigma sou eu. é aquele rosto que quer me descobrir. retrato imóvel que me ofende. me declara culpada, pecaminosa. do quê me acusa? o quê me sugere? me sinto presa de uma pesca covarde; uma pesca com rede. mais alguns segundos e eu morro asfixiada. meu próprio retrato. meus próprios olhos. </span>Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-26130180034953919722014-07-24T21:27:00.002-07:002014-07-24T21:29:19.349-07:00<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou
explodir! não fará barulho, não farei alardes....</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><i>vou explodir
de e em singelezas. </i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">é desejo do
peito gritante por ampliação, é grito rouco de alma que transborda. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
por estado pleno de poesia, por embriaguez pela força dos encontros humanos,
por pulsar de vida. por pulsar de vida dentro de mim. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
por vontade desconhecida – e insaciável – de desconhecido. vou explodir para o
passo a frente, para o passo além. vou explodir para ser jogada no caminho
escuro, para apurar os sentidos, para sorrir sorriso de doer maxilar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
para em conflito alcançar minha paz. vou explodir por resposta de meu corpo, de
minha alma à todas as convocações da vida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
rasgando o peito com minhas próprias mãos, vou explodir em gargalhada idiota e
escandalosa, vou explodir em choro soluçado. vou explodir misturando, fundindo,
fluindo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
para caber mais. para sentir mais. para ser mais comunhão comigo e com o outro.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
para entrar mais luz vermelha de pôr do sol.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
para não me importar com o doer. vou explodir para respeitar absolutamente o
doer. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir em reverência à alegria, à tristeza, à beleza. </span></div>
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vou explodir
por amor intenso ao viver. </span></i>Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-59356469878706400842014-07-13T21:17:00.000-07:002014-07-13T21:17:10.603-07:00impaciência<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">esperas me fazem muito mal. impaciente, deixo de me ser. deixo de demorar-me sobre mim. torno-me bem
pior, quase odiosa. (....sucede-me agora a ideia vaga de que, talvez, boa parte dos
suicídios nascem das impaciências). transformo
a situação, desconfiguro os fatos, mancho a imagem. não sou eu. sou eu. quem sou? quem é ela? heim? tomada pela
impaciência. machucada. despersonalizada. interditado o meu silêncio (...que é
coisa sagrada; apesar de eu, profundamente, cultuar o caos). ouço muito
falatório. só filtro as ofensas, quando consigo filtrar algo. e não filtrar,
é decididamente a pior ofensa que me faço. </span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-89185218323900221392014-06-30T19:41:00.000-07:002014-06-30T19:41:35.180-07:00"Mas não foi."<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;">De
tudo fica uma lembrança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 115%;">Em
dias como este, em que me aconchego numa caneca de café quente, nos livros que me esperam e no carinho do costumeiro ronronar
da felina que me acompanha, maiores parecem aquelas lembranças que se guardam
sabe-se lá porque. Lembrança de um dia não tão besta em que uma frase disse
menos do que ficou a impressão que se quis dizer. Certamente menos do que, à época
e às circunstâncias, poderia ser ouvido, sentido, quiçá experenciado. O subentendido chacoalha uma cabeça solitária... um corpo solitário. A escolha de
se estar sozinho torna-se menos suportável do que verdadeiramente é. </span><span style="line-height: 115%;">O “E se...” surge arrebatador e pouco consolador ao sussurrar : “Mas não foi.”. </span><span style="line-height: 115%;"> </span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-13392041911942854852014-06-04T19:16:00.000-07:002014-06-05T18:29:58.262-07:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><i>“Quando a gente sofre
não tem sofrimento nenhum que se compare com o da gente, nem a tristeza enorme
que escraviza o mundo...”</i> [foi o que li]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Entre
tufões, explosões, guerras, injustiças, misérias<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">e
toda sorte de dor espalhada por entre as gentes... <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que não subtraio de mim a dor geral.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que não aprendi a subestimar a particular.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que não trago boas novas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que pouco posso fazer....<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">[Que
“tenho as mãos atadas ao redor do meu pescoço”]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que queria... Mas, no fundo, não podia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que amo além de mim.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu,
que amo aquém de mim. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Pessoas
ou indivíduos, somos nós, seres humanos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Que
porta abrir primeiro, quando duas estão chamando?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Somos
quê?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">...quase
nada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Apesar
de sermos convocados,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">cotidianamente,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">...a
interferir.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Mas
como? Mas como?<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Mas
como?</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-2788300735200806362014-04-28T15:16:00.000-07:002014-04-28T15:16:00.034-07:00o vencedor.<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">A foto</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">[pela inconveniência que o destino certas vezes toma para si]</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">voltara a ser </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">vista </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">relida</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">ressentida.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ela:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">atenta</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">absorvida</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">mergulhando.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ele:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">distraído</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">espalhado</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">boiando.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">“Distraídos venceremos”</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">diz o poeta curitibano.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">E como </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">o aroma</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">o aspecto</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">e o dissabor</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">de jogo</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">foi se impondo,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Presumo que haja um vencedor. </span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-66135478174251938692014-01-21T19:53:00.000-08:002014-01-21T19:53:40.557-08:00cena de um cotidiano (comum).<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;">depois
de cumprir o compromisso que criei instantaneamente no intuito de ter uma
desculpa que convencesse a mim mesma a botar as fuças na rua...a volta para a
casa. mas, a vontade já se tornara outra. eu não queria mais voltar a enfurnar
minha fuça naquela casa, pelo menos não naquele instante. a cabeça estava
cheia, o peito esmagado. não havia mais nada a ser feito senão ouvir, ouvir,
ouvir. ouvir um e depois ouvir o outro, quem sabe até o momento de explodir. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">o
sinal fecha. olho para a frente sem nada olhar. (o mundo rodava, era a
labirintite ou a pinga vagabunda que eu tomara?). vejo dois corpos - entre
tantos - atravessando a faixa de pedestres. o sinal abre. sigo a seta que eu
mesma sinalizei (confesso que cumpri toda a curva só para calar aquele tic tic irritante). viro
à direita e permaneço no lado direito. percebo que meu pescoço se inclina totalmente
na mesma direção que meu olhar – que, sem razão alguma, ainda acompanha aqueles
dois corpos. como pedestres parecem seguir o mesmo caminho que eu. um deles
também me acompanha com os olhos. desvio o olhar rapidamente - para impedir o
acidente que, naquele dia especialmente, eu estava mais do que propícia a
causar. volto a olhar. agora é só um. e prossegue me acompanhando. piso bem
leve no acelerador, diminuo a marcha. aquele homem acelera o passo. mais um
sinal fechado. ele também pára. sorri fechando os olhos. é bonito. quando me
percebo, eu também estou sorrindo. (que vontade de ficar por aqui, de passar a
tarde toda assim). o sinal abre. penso em parar. penso em abrir a porta e convidá-lo
para entrar. ele vem se aproximando como se, nesses segundos de tomada de
decisão, ele soubesse minha dúvida e estivesse pronto à cessá-la. sinto medo. sinto
vontade. me enxergo como ser desejante. desejante de arriscar. desejante de
esquecer. desejante de - por algumas horas - ser só indivíduo que cumpre seu
próprio desejo. viro a esquina afim de dar a volta no quarteirão e voltar para
aquele mesmo ponto. o ponto em que minha cabeça rodopiante reflete sobre ficção
e realidade. sobre realidade criada que pode parecer roteiro de ficção. sobre
ficção acreditada que pode parecer cena de um cotidiano comum. faço esse
caminho. ele ainda está ali, e o sorriso se rearranja no rosto quando vê meu carro
descendo a mesma. sigo ainda mais devagar. o sinal não vai fechar. não dará
tempo de conseguir pegar o lado direito para virar. não vou consigo parar. ao
mesmo tempo, consigo ler em seus lábios <i>“por
favor, pare.”</i>. eu não posso parar. eu não consegui parar. fui embora sem
saber. sonho não era - a rua permanecia igual, todos seguiam o mesmo ritmo dos
afazeres rotineiros, a casa que eu entrei prosseguia pesada. nada estava
desfeito. sonho não era. voltei para a casa, trazendo de volta somente a
covardia. covarde! covarde por não se permitir desejar.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-13761315778353514912014-01-19T19:04:00.001-08:002014-01-20T12:16:32.443-08:00<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;">a
alegria é delicada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;">delicada
tal qual a própria constatação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;">frágil.
frágil mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 115%;">acho
que nunca percebi a alegria. medo de, na tentativa de represá-la em memória, acabar por perdê-la. mas sinto (quando absorta nesses pensamentos) que alguma
coisa aqui dentro grita. talvez um sentimento de que sei exatamente o que é sentir alegria.
escassos <i>flashs</i> mentais de instantes de sorriso espontâneo, incontrolável. sorriso
secreto. secreto, secreto sim. hoje em dia, raros os que se dedicam a
distinguir sorrisos. a desnudar realidades. a se aprofundar nas revelações
súbitas. talvez nada revele mais do que um sorriso incontrolável – ainda que tímido. sorriso
dos olhos. instante de olhos marejados e risonhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">quão
delicada e frágil é a alegria. tão fácil desgraçá-la se imediata é a percepção de
se estar experimentando. melhor guardar em segredo. se possível até de mim
mesma. deixe que me venha aquela (posterior) sensação interior e gritante... tirando-me um
sorriso de olhos categoricamente incontrolável.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-969939190266294742013-11-15T08:24:00.000-08:002013-11-15T08:24:13.222-08:00Jerónimo.<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">"Quando beirava os 73 anos, Jerónimo, o avô materno de Saramago, sofreu um acidente vascular cerebral. O infortúnio não parecera tão grave de início, mas depois se revelou preocupante. O médico recomendou, então, que o paciente abandonasse a aldeia onde morava e se internasse num hospital de Lisboa. Jerónimo - um homem rude, analfabeto, que criava porcos - dividia com a mulher uma casa simples, de apenas dois cômodos e chão de barro. No quintal, plantara umas quantas oliveiras, figueiras e pereiras. Mal a carroça que o levaria à estação ferroviária chegou, o velho, pressentindo que não retornaria, saiu do casebre e abraçou cada uma das árvores. Não emitiu nenhuma palavra. Somente chorou baixinho e enlaçou a minúscula floresta. </span></i><br />
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">O episódio me impressiona sobretudo pela contenção. Para se despedir dos seres mansos e quietos que lhe encheram os dias de sentido, o camponês optou por um gesto igualmente manso e quieto. Não lamentou o rumo que as coisas tomaram, não amaldiçoou as transformações que presenciava nem as que deixaria de presenciar, não fez elogios às árvores, não recordou os bons momentos que compartilharam. Resignou-se em dizer tudo o que gostaria sem dizer nada. Ironicamente, tempos depois, o neto de Jerónimo se notabilizaria justo pelo contrário: pela necessidade incontornável de atar a vida às palavras. Não quaisquer palavras, é claro, mas ainda assim palavras - e copiosas, fluidas, abrangentes.</span></i><br />
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ocorre que em determinadas circunstâncias, ações similares às do avô tem impacto maior que posturas como as do neto. Há despedidas que não encontram tradução. O que falar diante de um amigo que se muda para bem longe, um amor que morre, um projeto querido que se interrompe? Às vezes, o melhor - o mais preciso e eloquente - é dar adeus em silêncio."</span></i><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(trecho da Carta de Redação do último exemplar - nº 192, agosto de 2013 - da Revista Bravo! cuja reportagem de capa homenageia José Saramago).</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">como mostra a referência que coloquei abaixo do trecho transcrito, essa revista chegou a mim em agosto de 2013. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">até o dia de hoje - já no centro do mês de novembro - eu a olhava e postergava essa leitura. hoje li. hoje, quem sabe, eu compreenda algo, mesmo que de forma pouca.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">devo dizer, as palavras referentes ao lidar com o adeus, já me diziam respeito desde 2006 (isso se já não é possível dizer que o adeus nasça conosco no momento do próprio parto e nos acompanhe até o fim da vida). como uma bactéria alocada, porém não manifesta, convivi com elas. ano passado, também por elas (por que não acredito em reduções fáceis e baratas), adoeci. dores não explicáveis, dores não detectáveis, dores não compreensíveis; dores não traduzíveis, enfim. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">após esse episódio- e algumas justamente por conta dele - outras despedidas me chegaram. mas ainda assim, eu não seria capaz de me encontrar tão integralmente - tão completamente - nessas palavras; me encontraria em partes, certamente. me emocionaria, mas isso ainda não me levaria a compreensões.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">como alguns sabem, minhas digestões são demoradas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">fim de outubro de 2013: mais um adeus. não qualquer adeus. adeus que me faz retornar à 2006 e reviver anos passados, anos experienciados, anos vividos, anos de pele, anos de alma, anos de entrega - no que mais se encaixa ao que acredito que deva ser estar aqui, em vida. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">com a partida de minha avó, outras despedidas difíceis me chegam em lembrança. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">seus últimos anos lhe impossibilitaram a fala. quanto a mim, tagarelei durante esses anos ao pé de sua cama. o último dia que a vi (ainda viva), minha escolha - já no sentimento de que naquele momento era preciso que eu lhe dissesse adeus - foi pelo silêncio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">mesmo no momento a sós com o papel, eu já não sentia aquela comunhão tão forte com as palavras - a algum tempo venho sentido essa distância. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">nem todo adeus me ocorreu em silêncio. em momentos senti necessidade do "adeus em silêncio", em outros senti necessidade de dar "adeus ao silêncio". </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">longe de colocar minha relação com as palavras em pé de igualdade com Saramago ou com Jerónimo, entendam. longe também de concordar que o silêncio é sempre brando, manso e calmo - na maior parte das vezes, o meu se constitui exatamente no contrário.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">me boto a pensar nessas vivências que ultrapassam compreensão e tradução. me boto a pensar nas maneiras de lidar com a dor - e também com a alegria! -. me boto a pensar naqueles que tem por constante necessidade vomitar palavras. me boto a pensar naqueles que tem por constante necessidade engolir silêncios. me boto a pensar em imposições de um suposto destino. me boto a pensar no potencial de nos refazermos, de nos recriarmos. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">seja com o suporte das palavras, seja com o suporte do silêncio, tudo é maneira de lutarmos por sentido, de nos comunicarmos com o vivido e com as potencialidades do vir-a-ser. </span><br />
<br />
<br />Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-91877060288587216962013-10-27T10:54:00.001-07:002013-10-27T10:54:51.005-07:00<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrFc3AyRkXETanREGYub9SXOTzXwswgr_x83g7hjmEQvCiU5GngvK9C2s7xdnEe3O0wtI3kOavfmdJVUyj4MQD7qTKRXCIJRr-Ag7o4vLhCeqNAZKm_IAdCGsWv57ZzQwH1VFTTE5pJUk/s1600/v%C3%B3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrFc3AyRkXETanREGYub9SXOTzXwswgr_x83g7hjmEQvCiU5GngvK9C2s7xdnEe3O0wtI3kOavfmdJVUyj4MQD7qTKRXCIJRr-Ag7o4vLhCeqNAZKm_IAdCGsWv57ZzQwH1VFTTE5pJUk/s200/v%C3%B3.jpg" width="100" /></a><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">eis que mais uma vez se
apresenta ante mim esse mistério. mistério que inquieta, que dói , que corrói. dói
porque, de alguma forma, nos tira (nos arranca à força melhor dizendo) algo, nos tira alguém. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">a morte – por mais estranho que nos
possa parecer – vem, nesse instante, com um gosto de conforto; acredito que por
finalmente nos dar a sensação de que oferece a paz para quem tanto a pedia,
para quem tanto a merecia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">esse período de transição entre vida e
morte foi extenso, foi duradouro. colocou-nos todos frente a frente (e de
maneira inescapável) com questões essenciais - e não há como negar como foi
difícil poder encará-las sem dor; assim como é difícil encarar a vida, assim como é difícil encarar a morte.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">peço apenas aos dias que virão que
mantenham vivas na memória a imagem (e na pele, a sensação) das mãos que me
deram meu primeiro banho, e dos olhos que, encantados, vivenciaram comigo nossa
primeira vez diante da assustadora imensidão do mar. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(mar e imensidão que ainda assustam e
que ainda se mostram como esse mistério que agora vivencio.)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">quem sabe hoje a senhora não consiga
alcançar melhor todas essas coisas que tanto me escapam?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">estou certa de que o tempo irá fazer com
que eu consiga pintar todas as lembranças que vierem com os tons das heranças
que me deixas. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><b>vá vó, vá em paz se juntar ao nosso véio
caipira</b>! </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-75809318201765129912013-10-21T08:57:00.000-07:002013-10-21T08:57:28.781-07:00<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">sentei exatamente ali. em meio à fumaça. olhei
para uma de minhas mãos. embora houvesse ansiedade em cada poro de meu corpo, ela não tremia. mas suas veias estavam visivelmente saltadas. imaginei-me mais
velha. talvez algumas rugas me embelezassem. num gesto forçoso, joguei a cabeça
para trás. olhei para o céu, com os olhos ainda fechados. mas eu sabia que o céu
estava ali. abri-os. a claridade doeu, a claridade rasgou. <b>não os fechei mais</b>. </span></span><br />
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">...e
assim decidi ficar, até quando as rugas chegassem. </span></span>Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-16843463219190372122013-10-05T19:40:00.004-07:002013-10-05T19:40:58.361-07:00recriar.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">pensei,
nesta noite tão oca, em convidar alguém – um qualquer alguém – para conversar. no
entanto, olhei para a folha em branco. e neste ato, decidi redescobrir o
prazer. redescobrir o prazer de escrever. em que capítulo da vida ele se
perdeu? onde foi que criei para mim mesma uma barreira intransponível? limite
não existe por si só. não existe limite para a dor, para o amor, para a
imaginação, para o corpo, para o pensamento; não existe se não o criarmos. saber
discernir o momento em que o limitar é atitude desejável e saudável, e o
momento em que ele é, tão somente, castração. pular a cerca da
incomunicabilidade. transfigurá-la em <b>criação</b>. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">olhei
para aquele fogo. senti saudade. senti saudade de queimar, senti saudade de
arder, senti saudade do morrer. do morrer e do renascer. eu esqueci de renascer.
o humano é tão cruel consigo mesmo quando esquece de renascer. renascer é nova
vida, é folha em branco – ainda que a folha mais se assemelhe a um rascunho
cheio de correções, anotações, rabiscos –, renascer é <b>reinvenção</b>.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">reler
toda a trajetória. reler com humildade, com dignidade. é necessário adentrar no
já vivido, e subverter todos os sentidos. só dai pode nascer coisa nova,
vivência nova, instante novo. <b>resignificação</b>!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(ao
som de Yann Tiersen tudo parece mais possível).</span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-37188828430267889042013-09-27T05:37:00.000-07:002013-09-27T05:39:46.629-07:00Era só isso.<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Vem se aproximando. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Chega num tanto considerável de proximidade que possibilite alguma
claridade para o 'olhos nos olhos', e alguma clareza da voz – e do que vem a ser
dito – para os ouvidos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Encontra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Olha-o com profundidade e sentencia (sem nenhuma espécie de rodeio):</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Eu te amo!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ele, de imediato, se assusta. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Toma fôlego, se situa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(“<i>deve estar bêbada e me
confunde com outro</i>”)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Resolve tirar vantagem da situação. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Aproxima-se mais. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Toca delicadamente sua face, acariciando os contornos... E enlaça -
com força - sua cintura.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Você está confundindo as coisas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(<i>“deve ter retomado a
consciência”)</i> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Arrisca:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Mas... você que disse que me amava.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Sim, eu disse.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Então..?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Então que... Observando a maneira como dança, como se debruça no
balcão para pedir bebida, como segura a garrafa ao servir-se; bom, eu não
sei, eu me senti te amando. E senti que queria te dizer. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(<i>“maior deixa que essa, não
existe!”)<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Empurra-a na parede, forçando seu corpo contra o dela.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ela, com o corpo esmagado, resiste:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Me perdoe. Eu não quis te criar obrigação para o agir, essa obrigação
que sei que vem do que esperam de você. Era só vontade de dizer. Julguei que seria gostoso ouvir. Era só isso. Mas
perdão, eu realmente percebo o engano de ter dito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ele a olha espumando em raiva:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- Você é louca!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Vira-lhe as costas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">[Não sentiu vontade de voltar a dançar, nem de ir ao balcão pedir
bebida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Foi embora... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">... visivelmente atordoado.]</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-8885803906334536662013-09-26T09:53:00.002-07:002013-09-26T09:54:19.156-07:00cumplicidade.<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">um. dois. três. quatro.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">c i n c o.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">seis. sete. oito...</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">... e mais um tanto de rostos com desenhos desconhecidos - que não fazem parte de meu repertório de retratos já vistos -. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">outro tanto de bancos vazios que lhes fazem companhia. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;">companhia para os olhos fixos numa leitura que embala.</span></span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">companhia para os olhos desesperados pelo relógio que acelera.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">companhia para os olhos baixos e marejados pelas frases que não se queria ouvir naquele momento - e talvez, nunca - e daquela maneira - ou de maneira alguma. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;">eu percorro esses bancos assumindo cada face, cada expressão e cada sentir; ao passo que não lhes posso oferecer sequer companhia. sou simples passante - e tenho de cumprir com o que se espera de um passante. </span></span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">me confundo ante tanta regra que nos separa e tanto sentimento que nos junta. todos entendemos que o todo e o cada de cada um, é também nosso. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">mas há <i>o cartaz amarelo das consciências </i>de Drummond que nos alerta que essa compreensão só pode ser expressa no silêncio.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">silêncio de cumplicidade.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 20.796875px;">silêncio de comunhão. </span>Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4078770858511165460.post-90825789398371391692013-09-07T21:25:00.002-07:002013-09-07T21:26:42.488-07:00<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ainda um tanto estonteada, tenta alcançar mínima compreensão. Quem será
este com quem se encontra face a face, corpo a corpo? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Corpo não reconhece. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(e, ainda que force, é corpo frio, corpo frígido.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Um cheiro espalhado de coisa que morre, coisa que morre sem fazer barulho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">- ainda que fatigada de lutar pelo contrário –</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Fechar os olhos e ninguém
conseguir alcançar pelo sentir. (“<i>Proteja-se da tentativa de sentir! Faz tempo
que nada mais há por aqui.</i>” - diz-lhe a voz que emana da planta murcha). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Olha para dentro de si, especula o espaço a fim de encontrar nas reminiscências
algum instante de delicadeza. Mas, naquele lugar... cuidado não conseguiu fazer
morada; afeto não conseguiu encontrar alimento. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ali... instante em que concepção e morte se confundem, não dando
chance pra vida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Saber que nem tudo deseja viver...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(e que nem toda escolha - dentre as inúmeras possibilidades de fazer-se
- vem acompanhada do desejo de fazer florescer).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Triste?... Um bocado.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Mas hora clara!</span></div>
Marinahttp://www.blogger.com/profile/11671745577862195989noreply@blogger.com0