domingo, 11 de outubro de 2009

Eu devia era saber, saber que nunca mais saberia daquele casal de farrapos miúdos que sentavam na grama e não esperavam o vento passar. Eu os olhava, olhava de longe. Espaço pra perto só existia entre eles e ainda sim, não se preenchia. Choro de um, decadência de dois. Abatimento de quem se entregou ao sabor sem o querer. Do doce, o amargo; do suplício, a rendição. Pudicos nem na alma. O gozo da vida que não chegara. Na busca, as mãos dadas; doadas para que se equilibrassem as desilusões, os desafetos, os desamores. Sabiam que as pernas assincrônicas caminhariam juntas, mas somente elas. Os sonhos percorriam caminhos distintos a cada criança que passava correndo. O passado não se apagava e do futuro nada esperavam. Os pés presentes rolavam tais quais pedras num barranco, pontiagudos forçavam cambalhotas doloridas. No discurso das passadas leves, enganavam os inocentes transeuntes. Estes inocentes que passam e não duram, que nunca passam do efeito para a causa. Eram causas consolidadas, mas não duráveis. A permanência duraria enquanto durasse a inconstância de ambos, enquanto durassem os beijos frustrados com excesso de ausências. Trépidos jogadores de vida. Avassaladores exemplos de nada. Um e um que não somavam dois. Dois que não davam um.