quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Lembrar que não sei esquecer.

Memória acumulada. Viver talvez seja lembrar umas e construir outras memórias. Algumas que insistem em pular de um lado para outro da balança; querem enlouquecer a balança, ou a mim? Não sei se me esgotam ou se me aliviam. Colecionar lembranças: tarefa não tão fácil. Ainda não coleciono muitos anos, diria que possuo bem poucos anos marcados na minha carteira de identidade. Talvez o peso das lembranças nada tenha a ver com os anos contabilizados. Os anos não determinam como vivê-los, e nem o que será posteriormente tê-los vivido. As lembranças futuras são tão enigmáticas quanto às vivências futuras. Ninguém se atenta a como é difícil também lembrar. Lembrar é dar-se conta. Dar-se conta do que foi, do que não foi. Dar-se conta das faltas e dos excessos, e dos excessos de faltas e da falta de excessos. É não ter como escapar do já feito. Se viver é não poder fazer um rascunho, lembrar é não poder usar as borrachas, nem rasurar qualquer mínima memória. As memórias permanecerão intactas, como no dia em que aconteceram. Ainda há aqueles que querem me convencer que aprenderam a esquecer; esquecer da vida que já viveu, é um recurso que a vida, definitivamente, não dá, nunca deu.