quarta-feira, 15 de junho de 2011

Rodei cinco vezes entre os meus dedos a flor vermelha de cinco pétalas. Olhei-a fixamente. Busquei respostas; em vão. A vida não dá respostas, e este velho dar-me conta já é também meu velho atordoamento. É tanto descuido, tanta displicência, tanta pressa. Qual horizonte vale o desprezo pelo momento que está agora em suas mãos? Eterno fazer-se, eterno cuidado. É muito frágil para este seu manuseio rápido e irrefletido. Demore-se na construção de um segurar firme.
Um, apenas um, “deixar-se levar”, e isso desmancha, escorre com rapidez implacável entre os dedos desta mão, que escolheu-se frouxa.

domingo, 5 de junho de 2011

De como meu exterior é meu instrumento de representar, refletir, proteger meus momentos.

Não foram dias em que não senti; dispus meus sentidos de forma cautelosa.
Deixei meus olhos um pouco mais secos, inexpressivos.
O que deixei que outros vissem foi somente a figura que não me representa.

Minha relação ante a minha aparência é assim;
É algo que ultrapassa uma cobrança daquele
que vê beleza no que não nasce de dentro.

Bonito é aquele gesto construído na delicadeza
de quem sente profundamente os viveres.
O feio também, e assim, ainda tão bonito para mim.
Fogo nos olhos; substância, cor, cheiro na/de vida.
Pulsações que se aceleram por toques,
palavras que mergulham neste abismo que carrego.

Tenho pausas que se estendem e se instauram...
Alastram-se no meu corpo, na minha expressão,
no tom da minha voz e das minhas cores.
Mudo meu aspecto, minha fisionomia,
algo em mim quer ser mais forte,
torno-me, desta maneira essencialmente mais frágil.

Só quem continuadamente me vê e não me enxerga,
não é capaz de perceber:
Que minha paz depende do meu conflito;
que não suporto essa fase em que me obrigo
a passar com certa freqüência.
Fase murcha, morna, concreta, seqüencial;

Eu sou daquela que se navega,
E não da que é levada pelo mar
.