domingo, 28 de abril de 2013

Compromisso.


Não! Aquilo era loucura! Que acontecia com essa mulher?
 Suas posições pareciam que sempre escapavam aos meus entendimentos.

 - Um dia olhei no espelho e assumi um compromisso. Um compromisso comigo mesma. Eu sabia que seria difícil levá-lo adiante. Mas assim mesmo, eu o assumi.  Sabia bem que enfrentaria por diversas vezes um ódio de mim mesma por tê-lo assumido assim, tão categoricamente. Esse compromisso tinha uma ligação intrínseca com a luta pela minha felicidade, ainda que o sofrimento fosse consequência natural do processo. Esse compromisso acarretaria em estar em frequente contato interior, e obviamente, em contato com todas as minhas contradições. Acarretaria também em não sentir culpas. E ainda que fosse inevitável senti-las diariamente, diariamente eu teria de expurgá-las porque eu sabia que aquelas culpas eram ancestrais - provinham de uma condição muito anterior ao meu nascimento, mas me acompanhariam feito cães de guarda. Esse compromisso me demandaria coragem e quando eu o assumi eu sabia que eu era uma pessoa repleta de medos.  Ele não permitiria que as pessoas – mesmo as que mais me amassem – conseguissem captar meu movimento e encontrassem-me em contornos/definições claras; e isso tornaria extremamente difícil a comunicação pelas palavras, porque tudo parecia muito ligado ao sentir, ainda que o compromisso fosse fruto da minha mais extrema razão. O compromisso não deixaria que eu fosse contemplada inteiramente numa opinião só, numa corrente só, num conceito só; o trabalho “só” de apreensão de sentidos sempre me pareceu muito mais sedutor e fértil.   Sabia que ao ouvir-me plenamente, e não me permitir trair-me, nada seguiria uma linha contínua e cada passo poderia contradizer enormemente o anterior – mas isso me possibilitava liberdade tremenda de voltar atrás e de seguir adiante – e eu bem sabia que o adiante, que o horizonte, nada tem a ver com uma linha reta (me parece que aprendi isso com o mar). Assim sendo, eu sabia que com muita frequência eu seria taxada de incoerente – incoerência e contradição são palavras que as pessoas misturam numa só (e isso me parece bastante perigoso!). Esse compromisso permitiria que minha gargalhada fosse muito mais sentida e muito mais gostosa, mas meu choro também – ou seja, nada me passaria batido, porque isso era consequência certeira da minha escolha: estar integralmente em cada momento, em cada circunstância, em cada mínimo gesto e intenção. O compromisso não me deixaria ter tantas certezas, a dúvida seria muito mais companhia. Ele não permitiria abster-me de sentir, de pensar, de sonhar e de amar – porque sem isso eu não viveria, quanto menos o viveria.  Eu sabia que estaria em constantes brigas comigo mesma, e teria muita raiva de decisões que não teriam nenhum propósito ou sentido, não fosse o compromisso assumido. Confesso que fica difícil categorizar esse compromisso numa coisa só, tamanho são as implicações e os sentimentos que me levaram e me levam diariamente a mantê-lo enquanto tal. Ele, acredito, tenha muito a ver com o medo maior da falta de coerência entre o sentir/pensar e o agir/lutar, com o medo de trair-me - e consequentemente, trair todo o em torno -, do medo de não saber o que brota de dentro e aceitar como meu o rolo compressor das opiniões externas. Esse compromisso me permite estar em paz, ainda que eu esteja no olho do furacão. A paz maior é a paz consigo. Se isso for loucura, eu não peço para ser perdoada. 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Rememória em constatação.


"Seria muita ousadia de minha parte dizer que sempre há um mínimo vão que não se preenche?"

(não era ousadia de meus olhos, nem de meu olhar saturado e receoso).

Pois é menino,

sempre há um mínimo vão que não se preenche.


...uma respirada profunda para os momentos que hão de vir...fôlego!





.Mas não ensaie suas falas, nem restrinja seus assuntos.