terça-feira, 30 de julho de 2013

Palavras de outrem.

Eu realmente fugi, desde o início deste blog, de utilizar-me de palavras/textos/pensamentos que não fossem os meus próprios. Entretanto, ainda no período/processo de decantação/digestão interior para encontrar algum sentido nos momentos vividos recentemente, dei-me de encontro com as palavras de um outrem que foram capaz de traduzir e sintetizar, numa bela metáfora, um pouco da sensação que me toma (e registrarei aqui para recorrer, vez ou outra, como uma daquelas maneiras de se lembrar do que não se consegue esquecer): 

"Quando leio: “Amado, Antônio, o mundo é tão estúpido que as pessoas precisam amar.” Eu tremo. Quando releio “Antônio, amado, o mundo é tão estúpido que eu não posso te amar“. Eu choro."

Obs: Para acesso ao texto completo (http://eumechamoantonio.com/2013/07/29/lembraca-portatil/). Não sei se minha modesta opinião vale - e se vejo grandeza justamente pelo reconhecimento - mas é um texto bonito, para além de qualquer coisa. 

sábado, 20 de julho de 2013

Enjoo, vertigem. Por que tá tudo rodando? É para impedir que eu consiga me agarrar? Você não quis acreditar! Não quis acreditar que encontraria exatamente o que estava procurando. Eu não quero mais vomitar. Mas nem você sabia que estava procurando por isso, não é? Seu sorriso é doce. Melhora o meu dia. E você prossegue na busca. Mergulha mais. Para não acreditar. Encontrou? Se reconhece no que encontrou? Não é bonito. Você não queria o bonito. Não é fácil. Você não queria o fácil. Não é simples. Você não queria o simples. É cruel. É humano. Cuida do teu sentir. Capta o que te escapa. Eu vou desmaiar. Não segurem, deixa que ela caia. Vai doer, vai doer de novo. E de novo. E de novo. Inimagináveis vezes. Isso é força? Aplaudiram. Disseram que ali tinha alma. Pra onde vai com tanta alma? Calma. 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Rostos.
Ousados, pedintes, carrancudos, fortes, frágeis, apagados, luminosos, vivos, desejosos, prostitutos, saudáveis, cansados, bonitos, sozinhos, distantes, próximos, brincantes, sérios, chorosos, prestativos, viajantes, alegres, deprimidos, loucos, sensatos, profundos, superficiais, vulgares, vazios, repletos, transbordantes, apaixonados, doces, áridos, apimentados, risonhos, artísticos, belos, maltratados, cruéis, covardes, sem-vergonhas.

Rostos.
Poéticos, sentimentais, altivos, cabisbaixos, noturnos, solares, indiretos, subliminares, misteriosos, limpos, transparentes, vis, comoventes, responsáveis, culpados, acusadores, fugidios, herméticos, divertidos, feios, visionários, sensíveis, frios, quentes, repressivos, maldosos, compreensivos, questionadores, críticos, calmos, arredios, silenciosos, observadores, falantes, hipócritas, contraditórios, libertos, saborosos, nojentos.


Rostos.
Abertos, encarcerados, prisioneiros, medrosos, vagos, sensuais, utópicos, incrédulos, céticos, bestiais, curiosos, interessantes, santos, mentirosos, sinceros, charmosos, aconchegantes, irritantes, reveladores, desconhecidos, ingênuos, minuciosos, ignorantes, espertos, febris, doentes, angelicais, safados, intelectuais, naturais, trabalhadores, plásticos, artificiais, rebeldes, dissidentes, inquisitivos, constrangedores, vergonhosos, selvagens.

Rostos.
Traidores, defensivos, opressivos, cúmplices, fluidos, criativos, disciplinados, simétricos, estranhos, excessivos, intensos, fugidios, insuportáveis, verdadeiros, ilusórios, honrados, destruidores, férteis, transformados, canalhas, transtornados, metódicos, exóticos, singulares, simples, complexos, iguais, indiferentes, ativos, perturbados, passivos, vividos, provocadores, encobertos, traumatizados, prejudiciais, pesados, agressivos, leves.

Rostos.
Limitadores, abrangentes, imensos, bloqueados, comuns, expressivos, inexperientes, discursivos, viscerais, limitados, equilibrados, descontrolados, pobres, avassaladores, adestrados, mansos, possíveis, dispostos, encantadores, pudicos, intuitivos, descaracterizados, atenciosos, confusos, cínicos, ordinários, devassos, imorais, gentis, desérticos, miseráveis, heroicos, gratos, conservadores, urgentes, infelizes, arrependidos.

Rostos.
Sinceros, famintos, nublados, virgens, comunicativos, sugestivos, inseguros, prepotentes, sonhadores, interesseiros, caóticos, desistentes, ansiosos, frenéticos, apagados, aventureiros, instáveis, irônicos, alertas, conscientes, instigantes, fogosos, fingidos, medíocres, imaturos, saudosos, desesperançosos, criminosos, inocentes, perdidos, assustados, instantâneos, chocantes, coloridos, corajosos, perigosos, abandonados.

Em cada rosto, um encontro com minha face. Sou-os.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

De uma mulher para o seu corpo.

Mais do que nunca te sinto meu. Sinto-te eu. Sinto-me.
Você: festa e libertação, peso e prisão.
Já tanto foi culpa.  Já tanto fui culpa.
Castiguei-te em tantas vertentes. Em tantas formas. Castiguei-me.

Acompanha o fluxo cruel das imposições interiores que te faço.
Acompanha...
Não para. Não dificulta.
Não me obriga porque eu não vou. Eu não vou parar.

Reduza-me a osso, se quiseres. Prossiga nestas vertigens.
Cada enjoo é um contato. Feito pele. Mais que corpo.
Uno. Não nos desvincularemos, nem à força.

Se o mal-estar físico é reação ao que te apresento,
Se é reação às vertiginosas vivências que escolho,
Aguenta. Aguenta porque eu não vou parar.