“Viver é jogo, é risco.
[...] perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma
coisa de extremamente precioso: ganhamos
nossa possibilidade de ganhar.”
Tanto se confunde enquanto
falo com aqueles olhos. “Quando já tudo o que me importava se foi, quando fui
exposta ao vazio de nada mais ter, voltei – finalmente – meus olhos para os
essenciais. E que surpresa! Eu era toda feita de possibilidades. E tinha muito,
muito mesmo.”. Deixe-me confessar: eu, quando contigo, não falo mesmo contigo;
culpa pura dos seus olhos. Você fala bem (bem até demais!). Mas seus olhos... Ah,
seus olhos ainda não foram batizados para a mentira do mundo. Gosto tanto, tanto deles que até me espanto! E
vou até eles como quem busca mesmo o espanto. Quero descortinar-me! Ali na
esquina sou pega pelo desejo. O desejo de renascer sem batismo. E me pego tendo que mentir - pelas palavras e com os olhos. Fecho-os, palavra e olhos, no
abraço. Eu poderia morar ali por décadas (E como isso é sincero!). Ganho ou
perco? Já não sei. Expor-me ao risco era só mais uma das possibilidades.