sábado, 9 de abril de 2011

Sobre como tem sido...

Fui em frente, mas parei, descobri que o caminho que me disseram que era o melhor estava na contramão dos meus sonhos, do que eu acredito. Regrido para alguns; avanço na descoberta de mim. Meus passos, que por vezes se mostraram tímidos ou desconfiados, seguem e seguem calejados. Eu não havia percebido, mas estou em fase de recuperação. Não, não tenho nenhum transtorno físico, psíquico ou mesmo emocional, o que me assola é muito mais e/ou muito menos, não importa; nunca consegui tornar-me ou mesmo tornar minhas angústias explicáveis. Eu falo, mas sempre acabo falando em outra coisa, as outras coisas parecem ser imploradas e o que não importa é sempre o que interessa. Dizer claramente sobre minhas questões mais profundas, em linhas objetivas e esclarecedoras, nunca foi, hoje não é e acredito que nos próximos amanhãs também não será, onde reside a minha força. Mas a fruição das minhas subjetividades em papéis bonitos, feios, rasgados, sujos, decorados, virtuais, reais, é meu alento, meu fôlego e minha maior coragem. Há alguns dias, seguindo a “lógica” acima explicitada, tenho estado covarde e ferindo gravemente meu próprio tratamento. Meus papéis estão em branco, a mão que me desengasgava só tem escrito o que me engasga ainda mais. Eu não tenho cuspido, não tenho vomitado e não tenho conseguido dialogar com as palavras sobre meus morreres e nasceres diários. Parece uma grande bobagem; mas o fato é que estive em muitos dias, e nestes, fixei em muitos olhares, descobri novas pessoas, estive em outros becos, mergulhei em outros recifes, senti o cheiro de novas flores, tateei ríspidas texturas, chorei em outros medos, desesperei-me frente ao exagero de estar aqui, vivendo; e nada, as palavras ainda não sentiram nada disso, e meus escritos (que reforço: não desejo que me traduzam) não me ajudaram a deglutir e posteriormente digerir nada, nada disso. Que seja um curto espaço de tempo, mas eu quero resgatá-lo em minha maneira; quero me reconciliar, não comigo, mas com aquilo que desobstrui meus poros, que reforça minha voz, que faz meus cambaleantes passos serem um pouco mais firmes, ou seja, meus dedos enlaçarem uma caneta (ou qualquer objeto que tenha os mesmos fins), meus olhos se enxerem de vigor, e os papéis voltarem a serem refúgios para nadas tão cheios de tudo e tudos tão cheios de nada.

Obs: e que esse escrito tão sincero seja meu grande desentupidor.