Vem se aproximando.
Chega num tanto considerável de proximidade que possibilite alguma
claridade para o 'olhos nos olhos', e alguma clareza da voz – e do que vem a ser
dito – para os ouvidos.
Encontra.
Olha-o com profundidade e sentencia (sem nenhuma espécie de rodeio):
- Eu te amo!
Ele, de imediato, se assusta.
Toma fôlego, se situa.
(“deve estar bêbada e me
confunde com outro”)
Resolve tirar vantagem da situação.
Aproxima-se mais.
Toca delicadamente sua face, acariciando os contornos... E enlaça -
com força - sua cintura.
- Você está confundindo as coisas.
(“deve ter retomado a
consciência”)
Arrisca:
- Mas... você que disse que me amava.
- Sim, eu disse.
- Então..?
- Então que... Observando a maneira como dança, como se debruça no
balcão para pedir bebida, como segura a garrafa ao servir-se; bom, eu não
sei, eu me senti te amando. E senti que queria te dizer.
(“maior deixa que essa, não
existe!”)
Empurra-a na parede, forçando seu corpo contra o dela.
Ela, com o corpo esmagado, resiste:
- Me perdoe. Eu não quis te criar obrigação para o agir, essa obrigação
que sei que vem do que esperam de você. Era só vontade de dizer. Julguei que seria gostoso ouvir. Era só isso. Mas
perdão, eu realmente percebo o engano de ter dito.
Ele a olha espumando em raiva:
- Você é louca!
Vira-lhe as costas.
[Não sentiu vontade de voltar a dançar, nem de ir ao balcão pedir
bebida.
Foi embora...
... visivelmente atordoado.]