domingo, 29 de agosto de 2010

Alguns são compreendidos
por chorarem suas dores;

outros não.


Alguns choros têm razão;

outros não.

sábado, 14 de agosto de 2010

Por hoje, te peço, me deixe.

Deixe que eu me entregue aos meus descarrilhamentos, que eu possa sair desses trilhos, por vezes, férreos demais. Hoje não adianta, meus lábios não despontarão em sorrisos. E nenhuma beleza apagará o triste. Não ligue para meus olhos inchados, acredite que são de sonos estendidos e não de noites não dormidas. Não toque meu telefone, não bata em minha porta. Me deixe aqui, sendo acariciada pelos tormentos debruçados em meu travesseiro, e que me abraçam feito lençóis. Não desperdice seu tempo trabalhando sobre mim, de modo com que chegue a me compreender. Te digo que as coisas simplesmente são, difícil é que eu seja junto com elas. É assim, inelutável, então deixe com que eu molhe meu rosto com essas gotas salgadas que brotam de meus olhos, porque nem com todas as armas, hoje eu conseguirei sair com alguma fingida altivez.

E que a flor bonita que foi, vá em paz. E que leve a minha junto com ela, como modesto presente meu. Sei que minha paz não é das grandes, mas te ofereço com carinho e desapego. Não se acanhe em aceitar, já aprendi a viver sem ela.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Diariamente poesia.

Quero mais é poesia. Encarar que o banal possui uma poeticidade que ninguém vê, ninguém se dá conta. Quero o canto, quero uma prosa poética. Quero que saiba me encantar; não que queira, simplesmente saiba. Que saia seu encanto e me toque sem querer. Que me revele, coisas que outrora me foi pedido que fechasse os olhos. Quero que me olhe, que me mostre que poesia também existe no olhar. Que me abrace com vontade e não se importe em quanto vai demorar para esse encontro acabar. Posso não viver da arte, mas quero viver com arte. Entender o quanto artístico é o cotidiano de todos nós. Saber que dores nos pintam em novas cores. Saber que infinitos são os desenhos de nossos traços; as esculturas de nossas corpos; os filmes de nossas colisões. Quero perceber dos gestos o muito que eles podem dizer. Sentir junto os respirares profundos. Me aprofundar em tudo que me incite o atrevimento. Me atrever a ser, a querer. A querer mais poesia no real; seja ela dura ou deleitosa, mas que seja assim: poética, como a vida pode e deve ser.

Me despindo.

Me despindo de velhos acréscimos, velhas somas que só faziam era me subtrair, velhas companhias não desejadas, velhos quereres que eu não queria, velhos personagens que, queridos ou não, me afastaram de mim, velhas palavras que não soaram nem como uma coisa nem outra, velhos olhos, velhos olhares, velhos conceitos, velhas roupas, velhos modos, velhos agires, velhas convicções.
Me despindo do que fui, em virtude do que ainda posso ser.
E que tudo que eu seja, realmente me contenha.