quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Lembrar que não sei esquecer.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Miscelânea mental.
domingo, 14 de novembro de 2010
Ainda é cedo, amor.
Estamos há tempos num estado permanente de alegria, desde o dia em que uma criança de cabelinhos brancos bateu na porta de nossa vida. Abri essa porta sem me questionar, sem te questionar. Um gesto leve que carregava uma carga pesada, carregava todo o peso do mundo; tudo, embutido numa só pessoa. Aquela senhorinha, que pelo tamanho até enganou, mas pela força das palavras e dos olhos não! Aceitou, com sua força que nunca secou, todas as lições, todos os enganos, todas as peças pregadas pelo destino.
Hoje, as lágrimas vieram, mas não por meus sentidos captarem as grandes lições de suas palavras; as lágrimas hoje vieram, pois tive, e terei por muito tempo, de me haver com o silêncio. Não tem festa, não tem comemoração; mas você teve seu tempo de estréia. Sua estréia foi na vida, sua estrela vem para o nosso céu.
Nesse dia, mais um lição você nos dá: ser protagonista da própria vida. Hoje você foi nossa protagonista, querida Eli. E agora, minha tatuagem, verdadeiramente e finalmente, solte seus palavrões!
“Ainda é cedo, amor/ Mal começaste a conhecer a vida/ Já anuncias a hora de partida/ Sem saber mesmo o rumo que irás tomar./ Preste atenção, querida/ Embora eu saiba que estás resolvida/ Em cada esquina cai um pouco a tua vida/ Em pouco tempo não serás mais o que és./ Ouça-me bem amor/ Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos/ Vai reduzir as ilusões a pó./ Preste atenção, querida/ de cada amor tu herdarás só o cinismo/ Quando notares estás a beira do abismo/ Abismo que cavaste com teus pés. ”
(O mundo é um moinho – Cartola)
Ps: Obrigado Cartola, por esse samba tão bem feito para Eli...!
E obrigado Eli, por ser um dos meus maiores exemplos de mulher/ atriz/ ser humano.
Eu te amo...
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Você vem?
Se visse como fiquei,
Quando pensei que
Você não mais viria.
Não penso,
Porque hoje vejo,
Que talvez você venha.
Se for vir,
Chegue assim,
Como quem veio,
Porque sempre quis,
Que eu também viesse.
Venho pelo que me veio;
Vou sem saber,
Para onde é que você vai.
Vamos...
Já que já viemos,
Já que já vimos,
Que talvez,
Não mais tenhamos,
Para onde ir.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Abastado do que não se basta.
Era preciso, quem sabe, saber
Que o mundo roda também
Em cada poeira de sala,
Em conversas de sofás.
Pouco a pouco sair assim,
Como quem nada quer,
Pros recantos esquecidos.
Afundados nas visões;
Que continuam alheias
A tudo que não se presta,
A lidar com a concretude.
Olhe para lá,
Tem vida acontecendo,
Tem muito mais do que esse
Nascer e morrer.
Tem necessidade,
De ser ouvido, de ser calado,
De falar no silêncio.
Tem olhar que não desvia,
Que suplica, implora,
Que quer ser encarado.
Encare isso...
Tem vida acontecendo
Muito além de suas beiras
Muito além de seus desejos
De se encontrar com o longínquo.
Olhe para o lado,
Livre-se um pouco dessa obsessão
De olhar sempre pra frente.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Poemocular.
que enquadra os olhos meus.
Estilhaço esses vidros quadrados,
para invadir os quadros teus.
Não deixe que se quebre
a magnitude do limitar.
Sei que muito nestes olhos,
faz com que deixes de enxergar.
sábado, 9 de outubro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Palavra
A palavra que nunca se coube,
Do instante que nunca se teve.
Banhou, inundou cada uma daquelas
Vírgulas reticenciadas.
Descobertas como vadias.
Disseram bonita, forte, real.
Por muito acreditou.
Fez até que se teve.
Ainda assim era a palavra,
A palavra que nunca se soube,
Do instante que nunca se fez.
Agora parta, parta!
Parta com aquele que te pariu!
sábado, 25 de setembro de 2010
Grandes coisas.
Eu não pertenço aqui;
Nem ali, nem acolá.
Se nenhuma coisa me habita,
Não habito coisa nenhuma.
Não habito coisa nenhuma!
Coisa alguma me habita.
Não me peça pra pertencer a
Aquilo que não toca
O que me pertence.
Eu não pertenço à coisa nenhuma.
Coisa nenhuma me pertence.
Eu não habito aqui;
Nem ali, nem acolá.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Que poderia ser eu senão a união de meus mal-acabados traços?
Surpreendo as linhas e engano pontos-finais.
Lembro uma escada espiralada que desvia de qualquer fim que apresente seus sinais.
Novas significações para os elementos que escaparam de seus conjuntos.
Se recusam a serem lembrados como meras adições de seus adjuntos.
Se fazer-se novas coisas pode contradizer às anteriores; ótimo,
como qualquer contradição apresentada, não há como escapar de seus próprios temores.
E dos brancos frios de meus cadernos, jorram e borram tintas densas;
na imensidão de meus desenhos não haveria como cada forma não se tornar cada dia mais intensa.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Integralidade comprometida.
De um lado, estão bem definidos os traços do que esperam e podem esperar de mim e do que quer que eu seja; de outro, nada espera nada de mim até que eu bem traceje minhas possibilidades.
Duas situações que se complementariam, mas em verdade, só se contradizem...pois o tempo não permite que nenhuma delas se estabeleça de forma que eu as integre, e me entregue, totalmente. Se estou lá, não posso estar cá; se estou cá, não posso
estar lá. Em ambos os estares, eu não consigo realmente estar.
Em suma, não posso estar lá, nem cá.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
É nisto...
Que não é nem quando,
nem onde, nem porque.
É na rã que coaxa
sua própria normalidade.
Chega perto a mosca azeda...
O caminho se auto-avisa.
sábado, 11 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Barulhos com unhas compridas.
domingo, 29 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
Por hoje, te peço, me deixe.
E que a flor bonita que foi, vá em paz. E que leve a minha junto com ela, como modesto presente meu. Sei que minha paz não é das grandes, mas te ofereço com carinho e desapego. Não se acanhe em aceitar, já aprendi a viver sem ela.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Diariamente poesia.
Me despindo.
Me despindo do que fui, em virtude do que ainda posso ser.
E que tudo que eu seja, realmente me contenha.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
A piteira de Elza.
eu mesma ainda não havia nascido.
E afim de descobrir teus mistérios,
eu te criava.
E ao te criar,
m i n u c i o s a m e n te,
eu descobria em que consistia
aquilo em que eu me formava.
Talvez vida você já tivesse,
te emprestei somente minhas formas.
E na constância de suas tragadas,
moldei meu olhar para condizer
com suas dissimulações acentuadas.
Dei existência aos seus passos,
seu andar pensante.
Gerei seu egoísmo,
mergulhando em meu próprio.
Por trás de todos seus ardis,
sua reticência era apaixonante.
Genesiei sua história,
por pistas esparsas,
quase inexistentes.
Você era apenas uma fagulha.
A sua vida que foi criada,
e a vida que te criou,
no tempo de convivência
se tornaram concorrentes.
Era você ou eu,
desculpe-me Elza.
Te matei, mas eu te amava.
Hoje encontrei sua piteira;
na caixa de lembranças cinzentas.
E ao lembrar de suas cinzas,
percebi que a mim,
você morreu entrelaçada.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Digestão factual.
Os ares egoístas a que se entregara dificultaram sua visão para os traços claros da exaustão e da sobrecarga daqueles que procuravam abafar qualquer ressonância chateadora que pudesse lhe chegar.
Sim, outrora fez o mesmo e não aguentou. O fardo daquele momento foi justamente ouvir-lhes e reconhecer em si tudo o que aqueles dizeres vomitaram por ela.
E o próximo caminho que seja às claras...
quinta-feira, 8 de julho de 2010
CINCO CRIANÇAS, EXATAMENTE CINCO CRIANÇAS, QUE SE SABIAM CRIANÇAS (E EM NENHUM MOMENTO COGITAVAM DUVIDAR DESSE FATO). TODAS SORRINDO NUMA PISCININHA DE PLÁSTICO. NÃO IMPORTAVAM QUANTOS LITROS DE ÁGUA CABIAM ALI. NÃO IMPORTAVA, NADA IMPORTAVA ALÉM DA IMAGEM BOA DE UM PRAZER BARATO QUE NÃO PODERIA SER PERDIDO. TEMPO LÍQUIDO, QUE ESCORREU JUNTAMENTE COM A ÁGUA DAQUELA SINGELA PISCINA. AS CRIANÇAS FORAM ESTICANDO EM TAMANHO, SUAS FACES TOMANDO NOVOS CONTORNOS, SEUS CORPOS NOVAS FORMAS. AS CONSIDERAÇÕES E OS JOGOS FICANDO CADA VEZ MAIS PERIGOSOS. AS PISCINAS RASAS CADA VEZ MARES MAIS PROFUNDOS. TUDO MUITO MAIS PENSADO, O SENTIR MAIS CENSURADO, OS SEGREDOS MAIS FREQUENTES E OS DIZERES MAIS HIPÓCRITAS. NINGUÉM SE DAVA CONTA DO MODO COMO ( E ENQUANTO) OS DIAS IAM ATUANDO EM CADA UM DAQUELES PEQUENOS. TODOS FINGIAM NÃO SE DAR CONTA PARA QUE CERTOS ASSUNTOS TIVESSEM, ASSIM, A RAZÃO DE SEREM EVITADOS. A VIDA ENSINA, MESMO QUE O DESEJO ESCANCARADO ERA EVITAR-LHES OS DESGOSTOS DA VIDA. DE NADA ADIANTOU, ELES CRESCERAM E ESTÃO POR AI, VIVENDO. NÃO MAIS SE RECONHECEM, MUITO EMBORA A CHEGADA NA VIDA ADULTA OS CASTIGUEM COM OS MESMOS ENDURECIMENTOS. CADA UM FRIO A SUA MANEIRA, FIRME A SUA MANEIRA. EVITANDO SOFRERES QUE SE MANIFESTAM JUSTAMENTE POR ESSE EVITAR. NÃO SE ENTREGARIAM NUNCA MAIS A UMA TARDE DESPROPOSITADA, EM QUE FORAM FELIZES, PRINCIPALMENTE, POR NÃO PRECISAREM DE MOTIVOS EXPLICÁVEIS PARA TAL. A PISCINA ADORMECE EM RUÍNAS NAQUILO QUE NÃO PODE SER LEMBRADO. AS LEMBRANÇAS DOCES QUE SÓ AO ENVELHECEREM SE DEIXARÃO POR ELAS SEREM TOMADOS. NESTE MOMENTO, AS OBRIGAÇÕES IMPEDEM NOSTALGIAS, CEGAM-LHES A ESPERANÇA DA ALEGRIA SIMPLES E SEM PREÇO, MASCARANDO-SE NUM DISCURSO DE "JÁ FOI-SE O TEMPO DELA EXISTIR".
domingo, 27 de junho de 2010
Consola-me o choro da quebra de fortalezas, os cacos do visto como inquebrável. Os passos duros olharam para trás, os chãos em que passaram estavam repleto de rachaduras. Costas preguiçosas quiseram levar todo o peso de uma só vez, acredito que não queriam fazer outra viagem (ou acreditaram que a próxima, sendo mais leve, geraria mais sorrisos). Besteira, ninguém aguenta. Tudo explode, tudo implode, tudo rompe, tudo um dia grita "não dá mais". O que não se atenta para as auto-violentações, é violentado pelo outro e nem se dá conta. O bonito também quer ter a possibilidade de ser um pouco feio. O extremo de transformar-se vez ou outra no mais ou menos. Por que ter de ser sempre a primeira forma? Que história é essa de que é a primeira palavra a que vale? A primeira é a mais crua, como exigí-la que seja dura? Eu não quero me calcificar...me deixem brincar com minhas formas, com os infinitos desenhos que posso me dar. Eu tenho medo é dos que são repletos de certezas, dos que são certos de si sem serem seguros de si. Convencer o outro no intuito de convencer a si mesmo daquilo que desacredita. Só pra ser sempre igual, só pra ser sempre o mesmo. Para fugir da contradição, que é nossa por excelência, agarram-se na obviedade banal...e não percebem, que até a obviedade muda. Nada suporta, eu não suporto a "impossibilidade de ser além do que se é", de não ser de bom tom ser aquilo que não se era, de não ser o que esperavam que eu seria, de esperarem algum ser de mim que recuse minhas disposições para ser e não-ser. Descubro-me sempre quando acordo, descubro-me enquanto não durmo, descubro, inclusive, que nunca consigo me descobrir totalmente. Escapulo-me antes de qualquer tentativa de compreensão sobre mim. As compreensões vão vindo gota-a-gota, e quando o balde está quase pra se encher...me irrito profundamente, chuto-o, pois tenho raiva de barrar minhas maneiras que esperam ansiosamente para ser. E para a ascensão de umas, é necessário a derrubada de outras.
Quebrado e reconstruído constantemente, talvez seja bem melhor.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Necessito que me desafiem o equilíbrio,
para que eu possa estabelecê-lo.
Eu por mim, sou extremática.
Hoje eu não posso estar só comigo
(mas assim me obrigo).
Estou prejudicial a minha própria saúde,
tenho uma tarja preta em minhas roupas,
somente eu enxergo, sempre ignoro.
Estou dada a fusões e confusões.
Con-fusiono dores físicas e psicológicas,
danos materias e emocionais,
saudades passadas,
memórias presentes,
presenças saudáveis.
Onde se aprende a passar leve pelo próprio caminho?
Não me ensinaram,
ou me ensurdeci para esses conselhos.
Não reclamo, talvez amanhã eu goste da idéia.
Esse líquido cafeinado que eu não largo,
sempre meu refúgio, sempre do meu lado.
O espelho atrapalhado me ofende,
me censura por me entregar aquela
que, outrora, eu não quis mais ser.
O dia lá fora está bonito,
seria mais, se lá fora conseguisse
deixar de ser aqui dentro.
domingo, 6 de junho de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Te olhar com afinco...
nesses dias à beira de nós mesmos, nada mais talvez importe. Estar presente e conspirarmos juntos as mais completas vivências que não planejamos.
Te encontro em meu próximo desencontro; que certamente virá. Assim me viro, me varro, me jogo ao relento. Toparemos!... vivifico!...recupero tudo aquilo que sei que nunca se foi. Só se vai inteiramente o que não soube ficar....e desse não me valho. Gosto do que acarinha meu sentir, e do que sinto que atordoa meu gostar. Gostar que só se sabe reinventar! E que cada condição me faça pegar uma nova condução.
Recordo vagamente, escapula-me a lembrança exata...por que repetí-la seria uma grande bobagem. Pra quem não se toma como igual, que nada toque como ontem.
Por favor, um novo jeito, uma nova maneira! Pra que seja bom, pra que faça bem...para que dias como esses fiquem como centelha de esperança em nossos olhares... que, é sabido, se debruçarão em outros; mas um dia, quem sabe, voltarão a se encontrar.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
como se algo fosse eu.
Não sou de sua circunstância,
tampouco quero isso que é seu.
Me debruço nos pormenores,
do todo que me insiste...
Insistência que me entrega,
àquilo que nem existe.
Existir à sua forma,
de figura metamorfoseada.
Indo na contramão,
de uma paz enxameada.
Derrames da memória,
dos segundos que virão.
Loucuras, distorções,
certamente, não em vão.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
AMÁGUA AMÉM
faço do mar minha oração.
E neste silêncio de sim,
vou aprendendo a dizer não.
Pois nada fere mais a pedra,
que o vai-e-vem da maré.
E nem por isso deixa de amá-la,
exatamente como ela é.
Entendendo a contragosto,
a dinâmica dos portos.
Na convivência dos que chegam e partem,
o coração não mede esforços.
Com os pés no chão,
e o resto no vento.
Essa umidade que me salga,
é meu mais forte alento.