domingo, 27 de junho de 2010

Intacto, talvez seja bem pior.
Consola-me o choro da quebra de fortalezas, os cacos do visto como inquebrável. Os passos duros olharam para trás, os chãos em que passaram estavam repleto de rachaduras. Costas preguiçosas quiseram levar todo o peso de uma só vez, acredito que não queriam fazer outra viagem (ou acreditaram que a próxima, sendo mais leve, geraria mais sorrisos). Besteira, ninguém aguenta. Tudo explode, tudo implode, tudo rompe, tudo um dia grita "não dá mais". O que não se atenta para as auto-violentações, é violentado pelo outro e nem se dá conta. O bonito também quer ter a possibilidade de ser um pouco feio. O extremo de transformar-se vez ou outra no mais ou menos. Por que ter de ser sempre a primeira forma? Que história é essa de que é a primeira palavra a que vale? A primeira é a mais crua, como exigí-la que seja dura? Eu não quero me calcificar...me deixem brincar com minhas formas, com os infinitos desenhos que posso me dar. Eu tenho medo é dos que são repletos de certezas, dos que são certos de si sem serem seguros de si. Convencer o outro no intuito de convencer a si mesmo daquilo que desacredita. Só pra ser sempre igual, só pra ser sempre o mesmo. Para fugir da contradição, que é nossa por excelência, agarram-se na obviedade banal...e não percebem, que até a obviedade muda. Nada suporta, eu não suporto a "impossibilidade de ser além do que se é", de não ser de bom tom ser aquilo que não se era, de não ser o que esperavam que eu seria, de esperarem algum ser de mim que recuse minhas disposições para ser e não-ser. Descubro-me sempre quando acordo, descubro-me enquanto não durmo, descubro, inclusive, que nunca consigo me descobrir totalmente. Escapulo-me antes de qualquer tentativa de compreensão sobre mim. As compreensões vão vindo gota-a-gota, e quando o balde está quase pra se encher...me irrito profundamente, chuto-o, pois tenho raiva de barrar minhas maneiras que esperam ansiosamente para ser. E para a ascensão de umas, é necessário a derrubada de outras.
Quebrado e reconstruído constantemente, talvez seja bem melhor.

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