sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Abastado do que não se basta.

Ah, então não bastava rodar o mundo,
Era preciso, quem sabe, saber
Que o mundo roda também
Em cada poeira de sala,
Em conversas de sofás.
Pouco a pouco sair assim,
Como quem nada quer,
Pros recantos esquecidos.
Afundados nas visões;
Que continuam alheias
A tudo que não se presta,
A lidar com a concretude.
Olhe para lá,
Tem vida acontecendo,
Tem muito mais do que esse
Nascer e morrer.
Tem necessidade,
De ser ouvido, de ser calado,
De falar no silêncio.
Tem olhar que não desvia,
Que suplica, implora,
Que quer ser encarado.
Encare isso...
Tem vida acontecendo
Muito além de suas beiras
Muito além de seus desejos
De se encontrar com o longínquo.
Olhe para o lado,
Livre-se um pouco dessa obsessão
De olhar sempre pra frente.

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