Não
pedirei desculpa. Necessito mesmo que não tire a culpa de mim. Quero
carregá-la. Cultivá-la em ódio e amor extremados. Calma, calma. Não me entenda
mal. Não me refiro, nem na hipótese mais longínqua, à culpa ancestral - àquela
perversa culpa que tentaram enfiar em mim a mil mãos, em meu corpo, em meu pensamento,
em minha imaginação (este último, crime inafiançável). Não, não me refiro à
culpa castradora, que se alocou em mim muito antes de qualquer porvir de
autoconsciência. A verdade mesmo é que utilizo, neste momento, de seus termos.
Bem melhor seria se eu falasse em auto-responsabilização. Nem mesmo sei se essa
palavra existe. Mas se não existe, o ato, ao menos, tem de existir! Eu quero
responsabilizar-me. Meu direito! Minha condição (nossa única condição!). Tirar
isso de mim é instaurar-me a confusão maior. Sem direção, sem base, sem chão. Solta,
desorientada, desnorteada; em suma, completamente perdida. Preciso saber-me
responsável – inteiramente responsável – pelo que provoco, pelo que aceito, mas
antes mesmo de tudo isso, pelo que busco. Ah, quanto menos eu me encontraria em
minha trajetória se não fossem essas tantas respostas ao que busco... Respostas
por vezes cruéis, incompreensíveis. Surpreendentes na medida em que me
desmascaram. O que ando buscando mesmo? Talvez eu não saiba ao certo. Ou talvez
para estraçalhar este orgulho de quem julga que sabe algo de si, meus mergulhos
tanto me contradigam, me ignorem, me ofendam. Quem me ofende sou mesmo eu. Ofensa
de amor atrapalhado, imaturo. Revolucionário! Poderíamos mudar o mundo? Posso
mesmo morar aqui, dentro de mim? Desassossego. Nômade do mundo! Mas preso
dentro de si.
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