segunda-feira, 20 de julho de 2015

Torna-te terreno habitável...

... E aceite a intranquilidade de morar dentro de si. 

Não pedirei desculpa. Necessito mesmo que não tire a culpa de mim. Quero carregá-la. Cultivá-la em ódio e amor extremados. Calma, calma. Não me entenda mal. Não me refiro, nem na hipótese mais longínqua, à culpa ancestral - àquela perversa culpa que tentaram enfiar em mim a mil mãos, em meu corpo, em meu pensamento, em minha imaginação (este último, crime inafiançável). Não, não me refiro à culpa castradora, que se alocou em mim muito antes de qualquer porvir de autoconsciência. A verdade mesmo é que utilizo, neste momento, de seus termos. Bem melhor seria se eu falasse em auto-responsabilização. Nem mesmo sei se essa palavra existe. Mas se não existe, o ato, ao menos, tem de existir! Eu quero responsabilizar-me. Meu direito! Minha condição (nossa única condição!). Tirar isso de mim é instaurar-me a confusão maior. Sem direção, sem base, sem chão. Solta, desorientada, desnorteada; em suma, completamente perdida. Preciso saber-me responsável – inteiramente responsável – pelo que provoco, pelo que aceito, mas antes mesmo de tudo isso, pelo que busco. Ah, quanto menos eu me encontraria em minha trajetória se não fossem essas tantas respostas ao que busco... Respostas por vezes cruéis, incompreensíveis. Surpreendentes na medida em que me desmascaram. O que ando buscando mesmo? Talvez eu não saiba ao certo. Ou talvez para estraçalhar este orgulho de quem julga que sabe algo de si, meus mergulhos tanto me contradigam, me ignorem, me ofendam. Quem me ofende sou mesmo eu. Ofensa de amor atrapalhado, imaturo. Revolucionário! Poderíamos mudar o mundo? Posso mesmo morar aqui, dentro de mim? Desassossego. Nômade do mundo! Mas preso dentro de si.  

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