sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Era só isso.

Vem se aproximando.
Chega num tanto considerável de proximidade que possibilite alguma claridade para o 'olhos nos olhos', e alguma clareza da voz – e do que vem a ser dito – para os ouvidos.  
Encontra.
Olha-o com profundidade e sentencia (sem nenhuma espécie de rodeio):
- Eu te amo!

Ele, de imediato, se assusta.
Toma fôlego, se situa.
(“deve estar bêbada e me confunde com outro”)
Resolve tirar vantagem da situação.
Aproxima-se mais.
Toca delicadamente sua face, acariciando os contornos... E enlaça - com força - sua cintura.

- Você está confundindo as coisas.
(“deve ter retomado a consciência”)
Arrisca:
- Mas... você que disse que me amava.
- Sim, eu disse.
- Então..?
- Então que... Observando a maneira como dança, como se debruça no balcão para pedir bebida, como segura a garrafa ao servir-se; bom, eu não sei, eu me senti te amando. E senti que queria te dizer.

(“maior deixa que essa, não existe!”)
Empurra-a na parede, forçando seu corpo contra o dela.
Ela, com o corpo esmagado, resiste:
- Me perdoe. Eu não quis te criar obrigação para o agir, essa obrigação que sei que vem do que esperam de você. Era só vontade de dizer. Julguei que seria gostoso ouvir. Era só isso. Mas perdão, eu realmente percebo o engano de ter dito.
Ele a olha espumando em raiva:
- Você é louca!

Vira-lhe as costas.
[Não sentiu vontade de voltar a dançar, nem de ir ao balcão pedir bebida.
Foi embora...

... visivelmente atordoado.]

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